sexta-feira, julho 18, 2008

Dança Contemporânea Tânia Carvalho
DE MIM NÃO POSSO FUGIR, PACIÊNCIA!
18 e 19 Setembro, quinta e sexta, 21.30, SP
www.bombasuicida.blogspot.com
€ 8
“O expressionismo é a tendência de um artista para distorcer a realidade de modo a suscitar um efeito emocional: é uma forma de arte subjectiva”. Sempre que inicio o trabalho numa nova composição para dança, aproprio-me dos elementos interiores que consigo reunir a partir do mundo que me rodeia, e a partir deles começo a compor. Cada um de nós vê e sente de forma diversa os objectos à nossa volta. Do mesmo modo, sempre que estou envolvida numa composição, cujo fundamento são as minhas sensações e na minha imaginação, estou a criar uma distorção do mundo dirigida aos olhos e sentidos dos outros. É isso que considero ser o expressionismo. As coisas que acontecem em cada um de nós são de forma efectiva expressionismo, reconduzido no sentido do outro – forçamos uma distorção no mundo de acordo com o nosso modo particular de agir. Recentemente manifestou-se em mim um interesse especial pela dinâmica da relação entre dança e música. Para a minha última peça, comecei por ter lições de piano. Nela tento explorar os movimentos que um pianista deveria aprender de modo a interpretar a música. Interessa-me em particular o modo como a música não produz qualquer efeito se o pianista não estiver sintonizado com o sentido e o ritmo da coreografia. Isto significa que a música depende da precisão dos movimentos e do ritmo. Tocar um instrumento implica ser um bailarino. Quatro bailarinos e um pianista irão interpretar esta peça. A composição da peça desenrola-se como se os bailarinos reagissem aos gestos do pianista, isto é, ao som vindo do piano, assim como aos momentos de silêncio. Tudo se passa como se tratassem de marionetas manipuladas pelo pianista. O pianista irá ele próprio reagir aos movimentos dos bailarinos, que irão por seu lado influenciar o pianista. E na medida em que nasce a partir dos movimentos do pianista, a música surgirá ela mesma como uma reacção aos bailarinos realizada através do pianista. A peça não é contudo fundada num gesto de improvisação. A minha intenção é visar o todo, a totalidade da composição, de tal forma que, no palco, a impressão será a de que as reacções entre bailarinos e o pianista acontecem em plena reciprocidade pela primeira vez… Os meios e o fim significarão assim a distorção da realidade, mencionada no início. (Tânia Carvalho)
Coreografia: Tânia Carvalho Intérpretes: Tânia Carvalho, Luís Guerra, Maria João Rodrigues, Marlene Freitas e Ricardo Vidal Pianista: Tânia Carvalho Texto: Patrícia Caldeira Figurinos: Aleksandar Protich Apoio (residência de criação artística): Uzès Danse, Festival et centre de développement chorégraphique de l'Uzès, du Gard et du Languedoc-Roussillon, França Apoio: TanzWerkstatt (Berlin) Produção: Bomba Suicida (Lisboa) Co-produção: O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo)