sexta-feira, dezembro 15, 2006

Amanhã: fado no masculino

Noites de Fados
HELDER MOUTINHO
16 Dezembro, sábado, 21.30, SP
www.heldermoutinho.com
€ 15

Helder Moutinho nasce em Oeiras, em 1969, e é provavelmente da intimidade diária com o mar que emerge talvez a mais marcante característica da carreira deste fadista: uma capacidade multifacetada de entender e vivenciar a sua música, cantando, compondo, gerindo, produzindo, enfim, revelando definitivamente um horizonte alargado, de margens bem firmes e claras e caudal seguro e rico. Da sua família, de tradição manifestamente fadista, ganha não apenas o gosto natural pelo fado, acompanhando-os desde sempre e convivendo nos meios mais tradicionais deste género musical, mas acima de tudo a sede de cantar e assim tomar parte desse universo tão apaixonante. É no final da sua adolescência, depois de se identificar com estilos musicais mais diversificados, que o fado começa a ganhar uma importância cada vez maior na sua vida. E é talvez por esse motivo que o contacto com Lisboa se revela inevitável… Depois do mar, é o Tejo quem chama por ele, revelando-lhe a cidade das paixões, das casas de fado, das noites nostálgicas e poéticas e das gaivotas que irá escrever e reinventar sem limite. Se inicialmente cantava só para amigos, o dom deixou de poder ser guardado e é então que surge o convite para fazer parte, pela primeira vez, do elenco de uma casa de fados, no Bairro Alto. É por essa altura também que toda a arte adormecida no artista começa a despertar. Nas tertúlias fadistas, pela noite dentro e com outros amantes do fado, começam a surgir as primeiras letras de sua autoria que viria a gravar mais tarde no seu primeiro álbum – “Sete Fados e Alguns Cantos” - que pode ser considerado quase “milagroso”, pois a sua gravação decorre a par com o desenvolver de outra faceta importantíssima de Helder Moutinho: o manager, o produtor, o empresário. Como acontece este salto das Casas de Fado e da participação em concertos — como no projecto Fados da Mãe-d’água, organizado pela Câmara Municipal de Lisboa no âmbito da Lisboa’94 – Capital Europeia da Cultura, no Festival Festima (Portugal), na Expo’98 (Lisboa) e em várias salas nacionais e internacionais — é um fenómeno que nem o próprio entende bem. Certo é que a atitude descomprometida de início dá lugar a um envolvimento bem mais profundo e concreto. O seu primeiro disco, editado pela Ocarina em 1999, foi destacado pela revista da Strictly Mundial (Feira Internacional de World Music) e por várias críticas da imprensa nacional e internacional. Por todos estes motivos, este seu trabalho discográfico era aguardado com expectativa, sabendo-se que, uma vez mais, os poemas são, na sua maioria, da sua autoria e que todo o processo de criação e gravação foi em tudo semelhante ao do primeiro: por entre reuniões, viagens, agenciamento, planificações e uma empresa a gerir. Porque é assim Helder Moutinho: um manager, produtor, empresário com uma voz, uma alma, um fado que tem obrigatoriamente de partilhar.