segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Espectáculo obrigatório!!!:

Teatro Nacional São João
TURISMO INFINITO
15 Fevereiro, sexta, 21.30, SP
www.tnsj.pt
€ 8
A cena figura uma mente particular, a de Fernando Pessoa. Sendo‑nos dado o privilégio de estar presentes, ouvimos e vemos uma sucessão de vozes e personagens, organizada em blocos de textos.
(Um primeiro bloco) Pertence a Bernardo Soares e a Álvaro de Campos. Guarda‑livros na Rua dos Douradores em Lisboa, Soares é Pessoa por defeito, um ininterrupto devaneio; Campos, engenheiro naval, é Pessoa por excesso, a exuberância que este não se permitiu ter (e também um censor selvagem de si mesmo e dos outros). Segue‑se uma transição com a carta da corcundinha ao serralheiro, em que a autora descreve a sós um tipo particular de pobreza.
(No segundo longo bloco) Os autores são Álvaro de Campos e “Fernando Pessoa”. Os textos descrevem experiências divididas (no caso de “Pessoa”, aqui na sua fase dita “interseccionista”, duas experiências diferentes cruzam‑se no mesmo texto, uma paisagem e um porto de mar, por exemplo; no caso de Campos, perfilam‑se poemas sobre viagens e sobre a experiência cindida do viajante). Uma transição liga autobiografia e criação poética. A correspondência Pessoa/Ofélia Queirós exemplifica‑a.
(O terceiro bloco) Exibe o resultado sádico dos impasses descritos nos textos anteriores, bem como diversas tentativas de os reparar. Esse esforço de reparação parece ineficaz, pois muitas vezes redunda numa contracção sentimental do sujeito.
(O epílogo) Introduz Alberto Caeiro, em quem Pessoa via a resolução olímpica dessas tensões interiores insanáveis. Esta resolução é, todavia, momentânea, sendo, de facto, um epitáfio.
Texto: António M. Feijó, a partir de textos de Fernando Pessoa e três cartas de Ofélia Queirós Encenação: Ricardo Pais (com a colaboração de Nuno M. Cardoso) Dispositivo cénico: Manuel Aires Mateus Figurinos: Bernardo Monteiro Desenho de luz: Nuno Meira Sonoplastia: Francisco Leal Voz e elocução: João Henriques Interpretação: João Reis, Emília Silvestre, Pedro Almendra, José Eduardo Silva e Luís Araújo